domingo, 25 de outubro de 2020

Respeito com as relações humanas



Bloquear pessoas nas redes sociais como estratégia para terminar uma relação amorosa ou uma amizade, pode ser cruel e o processo é conhecido como ghosting. Basta um clique e a pessoa desaparece, estabelecendo uma distância, sem qualquer explicação ou possibilidade de diálogo.

As redes sociais são muitas vezes um reflexo da nossa vida real. Em cada like, cada palavra escrita ou em cada foto publicada fica impressa alguma característica da nossa personalidade. Eliminar pessoas nas redes sociais é um comportamento que vem crescendo, muitos buscam essa estratégia virtual para encerrar relações significativas do mundo real. As plataformas online são reflexos da vida física. Ao mesmo tempo que o mundo virtual reflete o mundo real, ele também tem influência sobre o modo como nos relacionamos.

O comportamento dos usuários de redes sociais está mudando. Antes a intenção era acumular um grande número de amigos, mas agora as pessoas buscam as redes sociais para interações e relacionamentos profissionais. Demos um passo adiante, e a maioria das pessoas busca o mesmo equilíbrio buscado na vida real, nas redes sociais, portanto a redução dos contatos nessas sociedades cibernéticas segue a linha de equilíbrio que buscamos na vida real.

Muitas vezes as pessoas integram ações do mundo virtual, no mundo real, ou seja, diante de um desentendimento, preferem bloquear ou apagar a pessoa das redes sociais. Essa atitude também chegou nos relacionamentos amorosos, um fenômeno que levou o nome de ghosting, uma referência à palavra fantasma em inglês. A outra pessoa que sofre a ação fica sem qualquer possibilidade de contato, ou de buscar qualquer explicação para o término diante de bloqueios nas redes sociais. 

Algumas pessoas acreditam que eliminando alguém do seu mundo virtual, o outro irá desaparecer do mundo real, como se o outro entendesse essa ação. O que esse tipo de prática gera, no entanto, não é nada além de sofrimento, de falta de consideração e respeito pelo próximo. As vítimas têm dificuldade em refletir sobre o ocorrido, entendê-lo e dar um ponto final para a situação.

Por mais desesperadas e imaturas que essas ações e esses comportamentos nos pareçam, há algo importante para refletir. Não devemos jogar a culpa apenas na tecnologia. Essas atitudes refletem o mundo em que vivemos, e o ghosting reflete a dificuldade de comunicação e respeito entre os seres humanos. Aprender a lidar com as pessoas e os problemas na vida real é fundamental para a saúde mental de todos, sempre respeitando os sentimentos e opinões, para solucionar as dificuldades que surgem pelo caminho.

 

Eliane Duque - psicóloga

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

A vida não anda só para a frente

Enquanto estiver vivo não desperdice tempo andando em círculos, volte atrás, sem medo e sem culpa. Tenha humildade para entender que nem todos os caminhos são corretos e que, às vezes, é preciso voltar.
É difícil aceitar que as coisas não estão do jeito que você queria, ou que tenha feito uma escolha que te levou para caminhos opostos dos que você sonhava, mas é preciso olhar para trás e encarar o caminho de volta. É dolorido saber que percorreu um destino à toa, que não trouxe os resultados tanto esperados, e muitas vezes, pensar em regressar ao ponto de partida pode ser desanimador.
Mesmo que o tempo perdido seja um longo período, continuar em frente em um caminho que não trará evolução e bem-estar, significa perder tempo e vida. O orgulho muitas vezes nos impede de ir em frente, mas seguir a vida é uma oportunidade de volta, vivendo, liberando as sensações de arrependimento, se reencontrando, e encontrando pessoas que estarão ao seu lado nesse percurso.
Deixe ir o peso da frustração, porque voltar a ser o que a gente era é melhor do que ser uma pessoa corrompida e cheia de dores e sofrimentos. Voltar atrás pode ser o remédio para acabar com a depressão, reiniciando a vida para o amor próprio, e fortalecidos podemos perdoar, entender melhor uma mágoa e permitir que ela não faça mais sentido. Lançar um novo olhar para quem nos feriu, com generosidade, compaixão e compreensão, faz parte do ciclo.
No caminho de volta vamos percebendo quanta coisa boa deixamos para trás quando pegamos o atalho errado. Amadurecendo, somos capazes de pedir perdão e entender que também falhamos. O caminho errado também faz crescer, o caráter engrandece e deixamos o ego um pouco de lado, para vermos as coisas pelos olhos e coração dos outros.
A vida não é uma sucessão de acertos, mas tentativas. Por isso, é natural voltar, tentar de novo quantas vezes forem necessárias. Não se importe com o que os outros vão pensar a respeito. Não absorva as críticas de quem não se dá conta ou não quer enxergar que tomou o rumo errado na vida.
Volte para seus sonhos esquecidos, para as amizades perdidas ao longo do tempo, vá a lugares que sente saudades, e volte-se para si, para seu interior, para então poder seguir um caminho novo e feliz.
Em toda esquina da vida há um retorno. Você só precisa decidir abandonar o que não faz sentido e reconstruir a sua verdade.
 
Eliane Duque – psicóloga

terça-feira, 11 de agosto de 2020

A lucidez em um mundo dominado pelo egoísmo

 

Há quem diga que a arte imita a vida, mas muitas vezes a vida acaba imitando a arte. Estamos cada vez mais mergulhados em uma cegueira que torna insustentável o mínimo de humanidade que deveria nos constituir.

O egoísmo está em cada um de nós e pode se tornar evidente em um piscar de olhos. Os olhos passam a não enxergar além do próprio ego ou do próprio umbigo, e aí está consolidado o egoísmo.

A questão é: o mundo em que vivemos oferece condições suficientes para que a lucidez seja mantida? Na nossa sociedade, o egoísmo e o individualismo são consagrados como valores supremos e absolutos, enquanto a lucidez é uma rara exceção.

Se manter lúcido é imprescindível para manter a humanidade entre nós. Cada um possui responsabilidade pelos próprios atos, ações, pensamentos e sentimentos, inclusive, para que a própria existência seja garantida.

Acreditar que um mundo construído em cima de fundamentos tão desumanos, como o egoísmo, possa ter sustentação, é impossível. Quem ainda consegue enxergar esses problemas, vê as rachaduras enormes causadas por eles.

Acreditamos enxergar, quando ainda estamos presos em armadilhas que diariamente ajudamos a construir. Resta saber, quantos ainda permanecem contra à ordem destrutiva do mundo, assumindo a responsabilidade de manter a lucidez em um mundo dominado por egoísmos.

O individualismo teve sua expansão na sociedade graças às atividades solitárias, fortalecidas principalmente pela tecnologia, muitas vezes utilizada desde a infância. Mas o individualismo bem praticado é importante para o indivíduo. Já o egoísta não é um individualista saudável, precisa receber mais do que dar, e para isso é capaz de ter atitudes positivas para alcançar seus objetivos, ou seja, é um individualismo dependente e narcísico.

No fundo, somos todos egoístas, já que nos valorizar faz parte da nossa defesa, mas tudo que é em excesso é arriscado.

 

Eliane Duque - psicóloga

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Figura paterna e o desenvolvimento da personalidade

O pai é responsável pelo desenvolvimento das habilidades da criança. Um pai ausente pode ocasionar uma formação inadequada da personalidade da criança, tornando-a mais suscetível a desenvolver problemas psicológicos futuramente. 
Não é regra uma criança que cresce sem pai desenvolver problemas psicológicos, mas a probabilidade de desenvolver distúrbios, até mesmo na vida adulta, é bem maior.
A ausência da figura paterna influencia muito na vida de qualquer ser humano. Entre as possíveis complicações estão:
- Insegurança: o pai é a figura da proteção. Quando a criança é criada sem pai, pode desenvolver sentimentos de insegurança em diversas áreas da vida, podendo resultar em transtornos de ansiedade.
- Problemas de convivência em sociedade: a falta de um pai pode atrasar o desenvolvimento da criança, tanto na escola, quanto no convívio social. Alguns estudos realizados sobre o assunto mostram que crianças com pais ausentes têm maior probabilidade de irem mal nos estudos.
- Dificuldade de respeitar leis e autoridades: especialmente as crianças do sexo masculino, acabam se recusando a respeitar uma figura de autoridade, que seria representada pelo pai, na maioria das vezes na infância, resultando em pessoas rebeldes e violadoras de regras. A criança, que não aprende a respeitar leis e figuras de autoridade, pode ter diversas consequências negativas no futuro.
- Não se sentem amadas: em algumas situações, a criança se sente mal amada devido à ausência da figura paterna, prejudicando, principalmente, as mulheres, que idealizam seus relacionamentos amorosos futuros na forma como se relacionam com o pai.
- Sentimento de inferioridade: algumas crianças podem acreditar que pela falta do pai são pessoas defeituosas, o que acaba desenvolvendo um complexo de inferioridade, prejudicando a autoestima e levando a problemas de insegurança futuramente.
O desenvolvimento dos transtornos relacionados acima não são regras, mas podem acontecer, e se acontecerem, podem ser mudados e tratados com terapia. A saúde mental da criança merece a mesma atenção e respeito do que a saúde física.

Eliane Duque, psicóloga e especialista em psicanálise infantil.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

O valor do despertar

Entrar na viagem do autoconhecimento nem sempre é algo fácil. Se deparar com medos, inseguranças, carências, traumas de infância, relacionamentos falidos, vida profissional insatisfatória, entre outras questões, e saber como lidar com elas não é algo simples.
Conquistar a felicidade se torna uma jornada interessante ao entendermos que precisa ser algo de dentro para fora. Muitos acreditam que mudar de emprego, mudar de cidade, de parceiro, de vida, trará a felicidade que tanto desejam, mas esquecem que para ser feliz é preciso cuidar de si próprio, a única questão que temos controle nessa vida. 
Quando entendemos que o poder de transformação da nossa própria vida está em nossas mãos, começamos a traçar rotas alternativas, a buscar conhecimentos edificantes, e ir em busca do autoconhecimento.
Muitas vezes o caminho que leva ao autoconhecimento é cansativo, dolorido, e pensamos em abandonar  o barco, gritar por socorro, com medo do que enxergamos em nós mesmos. Esse é um trabalho para gente disposta e corajosa!
É tão bonito ver a transformação interna e a felicidade que nasce no decorrer desse processo! 
Confie no seu potencial, acredite nos seus sonhos e busque sua evolução interna.