terça-feira, 11 de agosto de 2020

A lucidez em um mundo dominado pelo egoísmo

 

Há quem diga que a arte imita a vida, mas muitas vezes a vida acaba imitando a arte. Estamos cada vez mais mergulhados em uma cegueira que torna insustentável o mínimo de humanidade que deveria nos constituir.

O egoísmo está em cada um de nós e pode se tornar evidente em um piscar de olhos. Os olhos passam a não enxergar além do próprio ego ou do próprio umbigo, e aí está consolidado o egoísmo.

A questão é: o mundo em que vivemos oferece condições suficientes para que a lucidez seja mantida? Na nossa sociedade, o egoísmo e o individualismo são consagrados como valores supremos e absolutos, enquanto a lucidez é uma rara exceção.

Se manter lúcido é imprescindível para manter a humanidade entre nós. Cada um possui responsabilidade pelos próprios atos, ações, pensamentos e sentimentos, inclusive, para que a própria existência seja garantida.

Acreditar que um mundo construído em cima de fundamentos tão desumanos, como o egoísmo, possa ter sustentação, é impossível. Quem ainda consegue enxergar esses problemas, vê as rachaduras enormes causadas por eles.

Acreditamos enxergar, quando ainda estamos presos em armadilhas que diariamente ajudamos a construir. Resta saber, quantos ainda permanecem contra à ordem destrutiva do mundo, assumindo a responsabilidade de manter a lucidez em um mundo dominado por egoísmos.

O individualismo teve sua expansão na sociedade graças às atividades solitárias, fortalecidas principalmente pela tecnologia, muitas vezes utilizada desde a infância. Mas o individualismo bem praticado é importante para o indivíduo. Já o egoísta não é um individualista saudável, precisa receber mais do que dar, e para isso é capaz de ter atitudes positivas para alcançar seus objetivos, ou seja, é um individualismo dependente e narcísico.

No fundo, somos todos egoístas, já que nos valorizar faz parte da nossa defesa, mas tudo que é em excesso é arriscado.

 

Eliane Duque - psicóloga

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