Há quem diga que a arte imita a vida, mas muitas vezes a vida acaba imitando a arte. Estamos cada vez mais mergulhados em uma cegueira que torna insustentável o mínimo de humanidade que deveria nos constituir.
O egoísmo está em cada um de
nós e pode se tornar evidente em um piscar de olhos. Os olhos passam a não
enxergar além do próprio ego ou do próprio umbigo, e aí está consolidado o
egoísmo.
A questão é: o mundo em que
vivemos oferece condições suficientes para que a lucidez seja mantida? Na
nossa sociedade, o egoísmo e o individualismo são consagrados como valores
supremos e absolutos, enquanto a lucidez é uma rara exceção.
Se manter lúcido é
imprescindível para manter a humanidade entre nós. Cada um possui responsabilidade pelos
próprios atos, ações, pensamentos e sentimentos, inclusive, para que a própria
existência seja garantida.
Acreditar que um mundo
construído em cima de fundamentos tão desumanos, como o egoísmo, possa ter
sustentação, é impossível. Quem ainda consegue enxergar esses problemas, vê as
rachaduras enormes causadas por eles.
Acreditamos enxergar, quando ainda
estamos presos em armadilhas que diariamente ajudamos a construir. Resta saber,
quantos ainda permanecem contra à ordem destrutiva do mundo, assumindo a
responsabilidade de manter a lucidez em um mundo dominado por egoísmos.
O individualismo teve sua
expansão na sociedade graças às atividades solitárias, fortalecidas
principalmente pela tecnologia, muitas vezes utilizada desde a infância. Mas o
individualismo bem praticado é importante para o indivíduo. Já o egoísta não é
um individualista saudável, precisa receber mais do que dar, e para isso é
capaz de ter atitudes positivas para alcançar seus objetivos, ou seja, é um
individualismo dependente e narcísico.
No fundo, somos todos egoístas,
já que nos valorizar faz parte da nossa defesa, mas tudo que é em excesso é
arriscado.
Eliane Duque - psicóloga
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