domingo, 21 de março de 2021

Estar só


Ficar sozinho nunca deveria causar medos. Ficar consigo mesmo chega a ser uma necessidade do ser humano. Marcar um encontro consigo para avaliar a vida, deixar os pensamentos fluírem, se diluírem, é importante para o bem-estar.  Esse momento pode trazer paz e tranquilidade, sem ansiedade ou provações.

Algumas pessoas se sentem ansiosas ao se verem sozinhas, mas está tudo bem estar com você. Observe-se, perceba o que te rodeia, conecte-se, respire e relaxe!

A ideia não é se isolar do mundo. A solidão que falo é a que não precisa estar sempre acompanhado. Somente quando estamos verdadeiramente sozinhos, temos o enfrentamento necessário para conhecer as mais complexas verdades escondidas dentro de sentimentos presos a nossa maneira de viver a vida. Estar sozinho parece ser difícil, mas é nesse momento que descobrimos quem somos de verdade, escutando nossa própria voz e encarando a imagem de quem somos sem nos esconder por traz de máscaras que criamos, geralmente para sobreviver ao que sociedade julga ser certo ou errado. Descobrimos nossos desejos e anseios, e conseguimos traçar de maneira mais coerente o que desejamos para nossa vida.

Estar sozinho é aprender sobre si, é buscar respostas para diversas perguntas que temos feito durante toda a vida. Mas estar sozinho é antes de tudo a principal essência da vida. Só quando aprendermos a nos amar de verdade, seremos capazes de amar os outros e então encontrar a felicidade verdadeira.

Acreditamos que estar sozinho é sinônimo de infelicidade, tristeza, não realização da plenitude de nosso ser. Mas a qualidade do meu encontro com os outros, depende da qualidade de encontro que tenho comigo mesmo. Enquanto estou interagindo com outros, o meu ‘eu’ não se percebe, não se avalia nem se questiona. Se eu espontaneamente não silenciar os barulhos externos e internos, também não conseguirei ouvir o que trago no meu interior. Estar só é mergulhar em um mundo de autodescobertas e autoconhecimentos, necessário para todos nós!

 

Eliane Duque - psicóloga

domingo, 7 de março de 2021

A empatia e o desenvolvimento infantil


Empatia é um sentimento que só pode se manifestar quando alguém se coloca no lugar do outro. A empatia está relacionada à compaixão e identificação. Uma pessoa sem empatia com o próximo pode ter desenvolvido transtorno de conduta ainda quando era criança, e depois ter evoluído para um transtorno de personalidade. Uma criança que viola os direitos alheios, que é agressiva, ou faz até pequenos furtos, além de não se relacionar bem com os amigos, é sinal de alerta.

É comum essas pessoas sem empatia serem apontadas como psicopatas, mas existem diferenças. A psicopatia apresenta uma desordem de personalidade, ou seja, são pessoas frias, manipuladoras e calculistas. Já as narcísicas são voltadas para elas mesma, mas apresentam emoção, porém ignoram o outro.

Pais sem tempo para os filhos, que trabalham o dia inteiro e deixam os filhos serem educados por terceiros, acabam se sentindo culpados e com isso não dão os limites necessários para os filhos, para que eles se sintam amados por eles. A personalidade da criança é uma construção e conta com contribuições hereditárias e experiências sociais.

A educação da família é fundamental para a construção do comportamento das crianças. Temos uma geração na qual os sentimentos não são importantes, mas sim o dinheiro, a posse. Sem afetos, só bens materiais, como se um pudesse substituir o outro.  Essa geração entende sofrimento como fracasso, e não como algo que faz parte da vida. Agem impulsivamente, não planejam suas ações, trocam de parceiros compulsivamente e projetam a culpa sempre nos outros.

A empatia é uma competência que só se desenvolve na prática. Não julgar, escutar o outro, estar disposto a ouvir e ajudar, reconhecer as diferenças, tratar bem as pessoas, ser gentil e demonstrar confiança, pode ser o caminho para relações empáticas e duradouras.

 

Eliane Duque - psicóloga